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Quadro de mensagens em PortuguêsSabugal: o medo das minas

3rd Jan 2014 21:08 UTCRui Nunes 🌟 Expert

Embora com mais de dez anos aqui fica um artigo bem curioso do CM Jornal

Sabugal: o medo das minas

11 de Maio 2003 por Sá Rodrigues



A população de Quarta-Feira, concelho do Sabugal, quer saber se as minas de urânio abandonadas estão a afectar a saúde pública. Os 50 habitantes da aldeia estranham as mortes que não sabem explicar e têm medo das águas usadas nas regas.


A vida em Quarta-Feira (Sortelha) foi sempre levada entre três minas e muitas desconfianças sobre os malefícios do urânio. Agora que, finalmente, uma equipa estuda esta questão, os habitantes não conseguem entender porque é que a sua aldeia foi esquecida.

Realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, o “MinUrar” apenas abrange o complexo mineiro da Urgeiriça, em Nelas, e uma área envolvente. A realizar até Outubro, o estudo contempla 500 pessoas dos distritos de Viseu (freguesias dos concelhos de Nelas, Vouzela, Viseu e Sátão) e da Guarda (freguesias de Seia, Celorico da Beira e Trancoso). Sem se centrar nos antigos mineiros, procura antes detectar os efeitos das escombreiras na população residente. Aquilo que, precisamente, preocupa Quarta-Feira.

Por isso, os 50 habitantes da aldeia não conseguem esconder a revolta. “Vivemos aqui uma vida inteira rodeados de três minas - Bica, Carrasca e Valdarca - e não sabemos se estamos sujeitos a alguns riscos”, diz Purificação Nunes. Esta septuagenária, mulher de um antigo mineiro, defende que a meia centena de habitantes não deveria ter sido esquecida. “As pessoas vão morrendo de uma coisa ou de outra e ao certo ninguém sabe do quê.”

- Mulher morre misteriosamente

“Há pouco tempo morreu aqui uma senhora de uma doença rara. Não sei ao certo do que faleceu, mas nunca se sabe se não teria sido de qualquer coisa provocada pelas minas”, acrescenta Purificação Nunes, recordando outros conterrâneos falecidos: “Nas minas trabalharam dezenas e dezenas de homens e mulheres, da nossa aldeia e de outras terras, como Bendada, Espinhal, Águas Belas e Valongo, e quase todos faleceram. Os homens eram achacados dos pulmões e as mulheres que estavam no exterior das minas a separar o minério, como não usavam luvas, ficavam a sofrer das mãos”.

Sobre as sequelas na saúde de quem lá trabalhou e o eventual dano que as minas, mesmo abandonadas, podem ainda provocar, também tem uma palavra a dizer António Lourenço, de 45 anos. “Não compreendemos porque não têm o nosso caso em conta, pois a mina da Bica foi explorada até aos princípios dos anos 90 e as outras duas, que deixaram de ter actividade mineira em meados dos anos 60, estão abandonadas com as escombreiras acessíveis a qualquer pessoa e as águas que vêm do interior dos poços a correr livremente para os ribeiros.”

Revoltado por “ninguém tomar medidas”, este filho de um ex-mineiro lembra que, nas minas da Carrasca e de Valdarca, “os poços, com dezenas de metros de profundidade, ficaram abertos”. “Só há pouco tempo é que tomaram algumas medidas: colocaram placas a avisar para não serem retiradas areias e arame farpado em volta dos buracos, mas parece-me que isso não é suficiente”, adianta.

Nas imediações de uma estrada, junto à povoação de Quarta-Feira, uma das entradas para a mina da Carrasca foi transformada em nascente para a rega. A antiga “porta” foi tapada com blocos de cimento e construído um tanque que segura as águas que provêem do seu interior. “Considero que isto deve ser perigoso para a saúde porque esta água é utilizada para regar as culturas agrícolas, as couves, as alfaces… ”, denuncia António Lourenço.

O que é a silicose João António, de 75 anos, trabalhou dez anos nas explorações mineiras da aldeia. “Corri-as a todas. Estive nas três e sempre fiz de tudo um pouco, trabalhei lá dentro e cá fora”.

Livrou-se até agora da silicose mas não da preocupação de poder ainda vir a ser apanhado por esta doença, típica de quem trabalha em minas. “A silicose preocupa-me porque passávamos muito tempo no interior das minas, de onde vínhamos completamente encharcados”, conta.

Ainda assim, o trabalho marcou-o; ficou com “um problema nas costas”, que o obriga a ir com regularidade ao médico, e com a preocupação de que as minas, mesmo fechadas, poderem ainda prejudicar a sua saúde e a dos outros. “O Estado devia de ter em conta que nestas minas foi explorado minério de onde era retirado o urânio, um material radioactivo que é muito perigoso para as pessoas”.

- Desde os Romanos

A exploração mineira de Quarta-Feira terá começado na época dos Romanos e prolongou-se até finais do século passado. Das três minas - Bica, Carrasca e Valdarca - foi explorado urânio, rádio e plutónio. A Bica, uma das mais conhecidas, fechou em 1961 e foi reaberta em 1974. Esteve ainda em laboração até aos anos 90, por iniciativa da ENU (Empresa Nacional de Urânio). Actualmente, a antiga exploração mineira, propriedade da EDM (Empresa de Desenvolvimento Mineiro) é vigiada por um funcionário que todos os dias liga as bombas que retiram as águas do interior dos poços e procede ao tratamento das águas com cal e cloreto. As águas são depois encaminhadas para duas represas situadas no exterior e, após o processo de decantação, são enviadas para o lençol freático.

- Bomba atómica

Os minérios extraídos das minas de Quarta-Feira podem ter sido utilizados na primeira bomba atómica, segundo escreveu no jornal “A Guarda”, a 26 de Março de 1954, Alberto Dinis da Fonseca, ex-Presidente da Câmara da Guarda.

No texto “Carta ao Adriano Vasco Rodrigues” (investigador e historiador) refere que Marie Curie, a física francesa premiada com o Nobel da Física, em 1903, e da Química, em 1911, pela descoberta do rádio, fez as suas investigações no mineral extraído de Quarta-Feira. Uma informação prestada pelo senador Denys Cochin, financiador do casal Curie. “Foi das investigações feitas sobre o urânio de Quarta-Feira que nasceu (...) o rádio e, mais tarde, o plutónio e a Bomba Atómica”, escreve, acrescentando que “o minério de urânio esteve, durante muito tempo, armazenado no Barracão e no Outeiro de São Miguel, este último a cargo dum engenheiro inglês Robert Jood, que vivia na Guarda”. Alberto Dinis da Fonseca concluía: “Claro que da descoberta do rádio, até à fabricação da primeira Bomba Atómica, foi preciso um longo percurso (…). Todavia se não fosse o urânio de Quarta-Feira, a Bomba Atómica não teria existido pelo menos tão cedo”.
 
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